sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Chuva do momento

O silêncio à noite adentra.
E eu sozinho
com meus pensamentos.

Por entre os ventos,
lá vem a chuva
compondo a sinfonia das gotas.

E molha a terra,
que exala o aroma
de nostalgia e paz.

O som da chuva,
junto com o vento,
rima com saudade.

A nuvem forma a gota,
que toca a folha
e deságua no solo.

No meio do nada
só ouço o som
da chuva que cai.

Uma orquestra 
de um só
instrumento.

Regida
em perfeita 
sincronia.

Neste momento,
no decair da chuva, 
não existe o amanhã,

nem angústia.
Somente o instante
silêncio.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Cometa

Estou apaixonado de certa
forma, como nunca antes amei
Como nunca depois amarei.

Amar é como um cometa
Que de tempos cruza a Terra
E causa uma ruptura

Um êxtase do desconhecido, da aventura.
E quando em sua órbita avança
Deixa somente a lembrança

Fica um rastro de saudade
e a vontade 
de parar o tempo

e ter aproveitado o momento.
Pois tudo é passageiro.
O cometa é ligeiro.

Desaponto

Enquanto fico na janela
Espero a chuva cair.
Ouço o canto do bem-te-vi
voando na passarela.

No rádio toca uma canção
No copo, um café quente.
O trem anuncia veemente
a sua chegada na estação.

O silêncio do meu agrado
cede espaço
ao canto dos pássaros.

Que voam sob o céu nublado
anunciando a chuva que vem
por sobre os vagões do trem.

As árvores balançam-se com o vento
Pra lá e pra cá
Enquanto, nesse momento,
eu espero a chuva arriar.

Mas a chuva não veio
O café esfriou
O bem-te-vi se foi
E a canção terminou.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Cecília Meireles