quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Chuva de saudade

Chove na cidade
Numa noite calma
Uma chuva de saudade
Que toca no fundo da alma.

Chove tão serena
Uma chuva leve e fina
Chuva repentina
Resfrecando a noite amena.

Molha, mas não inunda
Chuva que cai neste momento
Por conseguinte, se afunda
o Poeta nos seus pensamentos.

E pensa como seria
Se fosse chuva todo dia
Se todo dia fosse noite
Se toda noite fosse assim
Chuva de saudade dentro de mim. 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Alvorada

O dia amanhece
As flores florescem
Os pássaros cantam. 
Enquanto eu, da janela
Contemplo que vista bela
Meus olhos encantam.

O sol surge
Além do horizonte
A esperança ressurge
Aos poucos e aos montes.

Daqui eu vejo
Que dia lindo
Enquanto eu percebo
Que o sol vem surgindo.

Os pássaros cantam
Num coral em sincronia
Ecoam seus cantos
No alvorecer deste dia.

sábado, 14 de outubro de 2023

A saudade

E assim, depois de haver passado tudo
Após idas e vindas, abraços e despedidas
Restou somente a saudade.
E o que fazer com ela?

Camões dizia que o amor
é fogo que arder sem se ver.
Eu digo que a saudade é uma dor
que machuca mesmo sem doer.

O amor, segundo Quintana,
é quando a gente mora um no outro.
E a saudade, nem sempre tamanha
Mora em um como noutro.

Assim escreveu o Poetinha
do amor não imortal, posto que é chama.
Mas a saudade inflama
Até mesmo uma saudadezinha.

Mas a saudade faz parte
É preciso lidar
Mesmo que ela resgate
Um momento que não voltará.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Cecília Meireles